Mercado de criptomoedas alcança novo status e desafios em 2022
O ano de 2021 foi marcado pela consolidação do mercado de criptomoedas, com forte valorização do bitcoin, mas também com o crescimento de outros ativos digitais, bem como expansão dos serviços e novos entrantes. O ano também registrou um movimento mais intenso quanto a regulação do mercado pelas autoridades de economias desenvolvidas e também emergentes – tanto para o bem quanto para o mal.
Para 2022, a perspectiva é de amadurecimento, principalmente, da questão regulatória e do impacto da retomada da economia e das políticas monetárias das grandes economias, com o possível arrefecimento da pandemia, ainda que paire muita incerteza com relação à evolução do coronavírus e expansão da vacinação no mundo. Também deve haver um forte movimento de novos produtos e serviços desenhados para o metaverso, que também deve ganhar escala no mundo real.
Balanço 2021
João Marco Cunha, gestor de portfólio da Hashdex, lembra que o preço do bitcoin começou o ano passado perto dos US$ 30 mil e, ao final de dezembro, flutuou ao redor dos US$ 50 mil, uma valorização de quase de 70%, “apesar das turbulências”. O patamar dos US$ 50 mil, no entanto, se deu após o bitcoin quase alcançar os US$ 69 mil, batendo recorde de preço no início de novembro, a US$ 68.990, na máxima intradiária. De janeiro a dezembro, o bitcoin acumulou uma valorização de 59,3%.
Beibei Liu, presidente da NovaDAX, ressalta que, apesar da flutuação de preço, o criptoativo foi um dos investimentos que mais rendeu no acumulado de 2021. “Os rendimentos das moedas digitais em 2021 superaram com folga os retornos no ano das bolsas nos Estados Unidos. Se compararmos com o Ibovespa, que encerrou 2021 no vermelho, o investimento em criptoativos foi ainda mais positivo.”
Orlando Telles, sócio fundador e diretor da casa de análises Mercurius Crypto, aponta que 2021 pode ser considerado “um dos mais importantes e fundamentais para os investidores do mercado de criptomoedas”. “A consolidação e o início do processo de regulação de diversos produtos financeiros para o mercado de varejo e institucional, a exemplo dos ETFs [fundos de índices negociados em bolsa] de bitcoin e ethereum, aprovados no Canadá e Brasil, além do ETF de contratos futuros aprovados nos EUA, abriram margem para que o setor de criptoativos se expandisse de forma nunca antes vista”, relaciona.
“O ano teve muitos avanços relevantes no ecossistema de cripto, notadamente, os lançamentos de ETFs de cripto spot no Brasil e no Canadá e dos ETFs de futuros de Bitcoin nos EUA”, reforça Cunha. O Nasdaq Crypto Index, índice criado pela Hashdex juntamente com a bolsa norte-americana, mais que dobrou de valor ao longo do ano.
No Brasil, a empresa lançou três ETFs de criptos em 2021: HASH11, famoso por ter sido o primeiro ETF de criptoativos do país, no primeiro semestre, e que se tornou um dos fundos de índice com maior captação na bolsa brasileira; o BITH11, produto com 100% de exposição ao bitcoin e com pegada sustentável, e o Hashdex Nasdaq Ethereum Reference Price Fundo de Índice (ETHE11), com 100% de exposição ao ethereum.
Além dos três produtos lançados pela Hashdex, a QR Asset Management, lançou dois ETFs dedicados a criptoativos: o QBTC11, com 100% de exposição ao bitcoin, e o QETH11, também com 100% de exposição ao ethereum.
Perspectivas 2022
Henrique Teixeira, chefe do Grupo Ripio no Brasil, afirma que 2022 deve ser marcado por forte volatilidade nos preços, porém acredita que existe espaço para uma maior valorização, “se considerarmos simplesmente a oferta versus demanda, que vem se demonstrando favorável à valorização desta classe de ativos”. Entre os gatilhos desse movimento, ele cita os processos de adoção do bitcoin como moeda legal em alguns países, como ocorreu com El Salvador.
Liu, da Novadax, afirma que este ano trará cenários específicos desafiadores com, por exemplo, as eleições presidenciais no Brasil que, “muito provavelmente, vão polarizar o país e, consequentemente, afetar o mercado financeiro e o de criptomoedas”. Por outro lado, acredita que algumas moedas terão crescimento significativo e “vão cair no gosto dos investidores, como os tokens de crédito de carbono, usados para compensação de gases de efeito estufa, e os fan tokens, como os que foram lançados pelo Flamengo e Corinthians em 2021, e que já são muito populares na Europa e Estados Unidos”.
Rodrigo Soeiro, fundador e presidente da corretora Monnos, acrescenta ainda como tendência para o ano o metaverso, com o mundo virtual se conectando com o real. “Será uma disrupção em todo o tipo de interação digital que conhecemos, desde jogos, até reuniões e eventos. A tecnologia do blockchain está nos arrastando para outro patamar, e a criptoeconomia é o motor de tudo isso, integrando serviços financeiros, câmbio entre moedas e a comercialização de produtos e serviços.”
Fonte: valorinveste.globo.com